Fundado em 1924, clube já foi ‘sede’ da alta sociedade, realizou eventos marcantes e luta por sobrevivência

Seja por ter participado dos tradicionais eventos ou por conhecer sua importância, quem vive em Campo Grande sabe que as narrativas do Rádio Clube se integram à cidade como parte de sua história. E, para mostrar que a era de ouro continua presente em sua essência, o clube que está prestes a completar os 100 anos se prepara para o “maior Réveillon” do Estado, nas palavras da diretoria. –

“O Rádio Clube faz parte da história de Campo Grande. Por volta dos anos de 1923, 1924, em frente à Igreja Santo Antônio, na Rua 13 de Novembro, morava Vespasiano Martins. Ele ia muito a São Paulo, estudava e trouxe um rádio potente. Tinha muitos amigos universitários, políticos e se reuniam ali em frente com ele, que foi a primeira sede do rádio”, introduz o presidente do clube, Sidnei Barboza, sobre a fundação do clube.

A partir das relações de Vespasiano, o clube foi se construindo e, para melhorar a estrutura, teve seu endereço alterado para a segunda sede. “Da primeira sede, a prefeitura construiu um espaço na Calógeras com Afonso Pena e, ao lado, fizeram um galpão dentro do terreno. E trouxeram o Rádio Clube para esse endereço, na época com mais rádios”.

E, desde a década de 1940, os integrantes do clube se reúnem na atual sede, localizada na Rua Padre João Crippa, ao lado da praça que ganhou o nome da instituição, conforme narra Barboza. – CREDITO:

Confirmando a importância do clube, desde Lúdio Coelho e Paulo Coelho Machado até Spipe Calarge estiveram no cargo da presidência. “Nós, enquanto gestão atual do clube, temos o privilégio de sermos a dos cem anos. Vamos fazer com que 2024 seja um ano de destaque tanto para o Rádio Clube quanto para a cidade”.

Sócio do Rádio Clube desde a década de 1980, Sidnei conta que ele mesmo viu a história do clube ser reforçada. Puxando na memória, ele conta sobre um episódio que viveu com o falecido coronel José Reis Pouso Salas.

Enquanto se reunia com o coronel e outras pessoas em sua casa, Sidnei ouviu o militar pedindo por alguns minutos para “resolver um problema familiar”. Apesar do estranhamento geral, todos pararam o que estavam fazendo para aguardar Reis.

“Ele reuniu a família toda e falou que tinha dinheiro para comprar um celular, que na época era relíquia, ou um título do Rádio Clube. No fim, a família escolheu o título e ali eu vi a importância do clube”, diz Barboza.

Aproveitando essa história, o presidente do clube explica que a importância dada ao título patrimonial é o que fez com que se chamasse “joia”. “Desde a fundação tem esse nome e acredito que seja pela importância. Hoje, esse tipo de título, em que a pessoa realmente se torna sócio patrimonial do Rádio, não existe mais, mas as pessoas realmente tratavam e continuam tratando como joia”. – CREDITO:

Inclusive, esse tratamento se vincula a períodos que precisaram de luta para serem superados. Em sua criação e durante as primeiras décadas, o clube era elitista e, conforme relatos confirmados pelo presidente, pessoas negras estavam na lista daqueles que não poderiam participar da associação.

Assim como o racismo, o preconceito de classe também integra a história do clube social mais antigo da cidade. Com os títulos sendo vendidos por valores altos, o objetivo era de que apenas a burguesia se integrasse ao grupo.

De acordo com Sidnei, a história evoluiu e fez com que o público finalmente pudesse se integrar ao clube. “A sociedade mudou muito e, hoje, temos uma miscigenação forte, temos pessoas de classes variadas, credos variados”.

Marcos importantes

Diretor social adjunto, Ademar Cardoso destaca alguns marcos importantes para o Rádio Clube, além da própria fundação. “Em 1915, a área situada entre as ruas Padre João Crippa, Pedro Celestino, Barão do Rio Branco e Avenida Afonso Pena era propriedade de Fernando Novaes, sendo concedida por aforamento perpétuo a Santo Antônio e Nossa Senhora Abadia”, conta sobre a história da Praça do Rádio.

Em 1962, foi inaugurada a Praça da República, depois, em 1977, passou a ter o nome de Praça Ernesto Geisel e, finalmente, em 1997, ganhou o nome de Praça do Rádio Clube.

“Além disso, tivemos shows internacionais de Roberto Carlos e Manolo Otero, representantes da beleza feminina desfilaram em nossos salões, como a Miss Campo Grande e Miss MS, Marilene de Oliveira Lima, era do clube.”

Entre os eventos destacados pelo diretor estão as noites do Havaí, baile de aniversário da cidade e bingo dançante. “No esporte, sempre fomos destaques, tivemos jogos de futebol de salão e um inesquecível foi quando vencemos o Linense por 6 a 1. Nele, jogou o Leivinha que se tornou jogador famoso do Palmeiras”.

E é claro que o diretor relembra da Copa da Madrugada, que segue firme até hoje. “Já são 51 jornadas realizadas com os associados chegando às 3h da manhã para competir”.

Festa de Ano Novo

Para celebrar todas essas histórias e a entrada do Rádio Clube em seu centenário, haverá o Réveillon com todos os ritmos comandado por Patty Araújo e banda, além de DJ Marcello Cavallero. Durante a noite, os convidados poderão aproveitar de vanera, xote, chamamé, samba, axé, sertanejo, marchinhas de Carnaval e show de mixagens.

O jantar será servido das 23h às 2h com buffet composto por ilha de frios, peixe, camarão, carnes vermelhas, massas, saladas, caldo até 4h e mesa de frutas e sobremesas. Além disso, haverá chope gelado.

Mais informações sobre os valores dos convites e detalhes da festa devem ser consultados pelos números (67) 99111-6093, (67) 3321-0131, (67) 3387-9220

  • CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
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